Duas diferentes distâncias, 2023
Vídeoinstalação em dois canais, 8 minutos, cor e som.
A 25M (@25msaladeprojetos), espaço expositivo situado na icônica Galeria Metrópole no centro de São Paulo, torna-se uma caixa de ressonância para a história brasileira na exposição “cega-rega”, que aproxima passado idílico e futuro incerto, como duas faces da mesma moeda. O título da exposição remete a um instrumento musical vibratório ancestral que produz uma nota só, e também é o termo utilizado para descrever o som produzido pela cigarra, sobrepondo, na mesma palavra, um artefato humano e a música feita por um animal.
Os artistas Bruno Ferreira (@bruno.ferreirar) e Filipe Barrocas (@filbarrocas) que integram a exposição, apresentam uma instalação composta por dois vídeos e quatro esculturas que abordam as dinâmicas entre o mundo humano e o não-humano, levando em conta as gramáticas de separação, dominação e submissão envolvidas nessas interações. Os artistas comentam que, em uma cultura fortemente marcada pelo antropocentrismo, centrada na humanidade, confere-se ao humano uma ilusória emancipação de sua animalidade pelo reconhecimento de suas ferramentas, costumes e artefatos, dito de outra forma, as ideias de produção e trabalho são grandes agentes na separação entre cultura e natureza. Ao ler uma fábula animal por seu avesso, os artistas dizem que “na fábula clássica de La Fontaine, a cigarra é punida por cantar, deixar de trabalhar e, consequentemente, não acumular comida para o inverno. Porém a intenção aqui é olhar para o longo caminho que o inseto percorre desde o chão até chegar ao cume da árvore, vibrar seu corpo e entoar o seu canto”.
O texto é da Cristiana Tejo.