Publicação da intervenção de Gabriel Brito Nunes na galeria o quarto. Durante 24 dias Gabriel foi ao quarto de Filipe, posicionou a câmera fotográfica deste sobre um tripé e, a partir do enquadramento delimitado pela lente da câmera, demarcou os quatro pontos do retângulo no espaço. Ao acordar cada manhã – como instruído por Gabriel – Filipe produziu um auto-retrato.

Quando a fotografia foi tirada, há um momento. Há um momento quando a fotografia foi tirada. Ela foi aqui tirada para o espectador. Ela é aqui tirada, momentaneamente, do espectador. Há todavia o espaço, o mesmo que ela enquadrou, invadido simultaneamente pelo espectador que o visita e pela demarcação do tempo cronológico, num emaranhado de espaços percorridos. Percorre-se o espaço do quarto, existente antes e independente dos enquadramentos, sejam da fotografia ou do olhar do espectador. Que contigenciamentos se abre nesse tempo exposto ao espectador, quando o que se expõe é sua própria contingência com relação ao que se vê ou se pretende ver, só o tempo dirá.

Gabriel Brito Nunes